“Quando estudamos a história da maconha, é fácil ver que na proibição de seu uso médico não há nada científico, e sim ideológico.”

- Elisaldo Carlini

Elisaldo Luiz de Araújo Carlini foi um renomado médico, psicofarmacólogo, professor universitário e pesquisador brasileiro.

Reconhecido internacionalmente, destacou-se como um dos pioneiros nos estudos farmacológicos sobre o potencial terapêutico da Cannabis e de outras substâncias psicotrópicas. Elisaldo morreu em 16 de setembro de 2020, em São Paulo, aos 90 anos, em decorrência de um câncer.

Em entrevista para a revista “Pesquisa fapesp” em 2010, Elisaldo Carlini afirmou:

“Quando estudamos a história da maconha, é fácil ver que na proibição de seu uso médico não há nada científico, e sim ideológico. Até o início do século XX a maconha era considerada um excelente medicamento. Ela era importada da França na forma de cigarros que se chamavam Grimaldi. Depois, dos anos 1930 em diante, a maconha virou uma droga maldita”

‌"Meu avô se formou médico no fim do século XIX e naquela época já usava um livro de 1888, que guardo até hoje, com a receita da maconha para vários males. Era uma terapêutica corrente no mundo todo, inclusive no Brasil."

Em 2018, Elisaldo foi intimado criminalmente quando tinha 88 anos, “Ninguém sabia sobre mim. Eles não tinham a mínima ideia porque ninguém lê artigo científico no Brasil. A coisa começou a ficar mais clara ao perceberem que eu sou um professor emérito condecorado pelo presidente. Ficou meio ridículo.” Contou o profesor ao UOL.

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Isso ocorreu por que o professor havia convidado Geraldo Antônio Baptista para uma palestra chamada “maconha e filosofia” em um congresso, o fundador da primeira igreja Rastafari no Brasil, esse que já havia sido preso desde 2012. “Ela (a palestra) contava com a presença de religiosos, como católicos e evangélicos, e gostaríamos de saber a opinião do fundador da igreja Rastafari no país.” Afirmou na entrevista.

Elisaldo Carlini, ao longo de sua vida e carreira, desafiou barreiras, contribuindo para a expansão do conhecimento científico e defendendo a importância da pesquisa livre de preconceitos. Sua partida em 2020 deixa um vazio na comunidade científica, mas seu legado permanece como um farol, iluminando o caminho para futuras investigações e debates na busca por abordagens mais abertas e informadas em relação ao uso medicinal da Cannabis.

Referências:

Elisaldo Carlini: O uso medicinal da maconha

Professor que estuda maconha há 50 anos é intimado por "apologia ao crime"

SISTEMA ENDOCANABINOIDE

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