Na atualidade, há muito debate sobre a Cannabis e seu uso na área da saúde. Mas as recomendações da Cannabis para fins medicinais não são uma descoberta recente.
Há uma rica história de uso da planta como medicina há mais de 10 mil anos e as farmacopeias são registros incontestáveis do poder terapêutico da Cannabis Sativa em diferentes culturas (romanos, persas, egípcios, judeus, árabes e indianos)
A Cannabis Sativa é um dos cultivares agrícolas mais antigos conhecidos pelo homem. Pesquisas arqueológicas concluíram que o ser humano interage com essa planta desde o período neolítico (idade da pedra), quando o homem começou o cultivo da terra.
Essas referências históricas indicam seu uso como alimento (sementes), bem como para a obtenção de óleo medicinal e aplicações envolvendo a fibra, em particular os caules, para confeccionar tecidos, extrair celulose e também era utilizada em rituais e cerimonias religiosas.
TIMELINE
2.737 anos a.C
Na China antiga, a planta era considerada um dos cinco grãos mais importantes. Em 2.737 a.c , o imperador Shen-nung, a quem os chineses atribuem a fundação de sua medicina, fazia uso terapêutico/medicinal, mastigando flores e folhas, obtendo efeito analgésico e sedativo.
A popularidade da Cannabis como remédio se espalhou pela Ásia, Oriente Médio e costa oriental da África. Seitas hindus, Shiva na Índia, deusa Seshat no Egito, usavam maconha para fins religiosos e alívio do estresse.
70 anos d.C.
O médico Pedânio Dioscórides, greco-romano, considerado o fundador da farmacologia, publicou sua obra “De Matéria Medica”, a principal fonte de informação sobre drogas medicinais, desde o início do século I até o século XVIII. Dentre as mais de mil substâncias vegetais descritas e distribuídas em grupos terapêuticos, a Cannabis medicinal era indicada como tratamento eficaz para dores articulares e inflamações.
1464 — Bagdá
O médico Ibn Al-Badri fez o primeiro relato indicando a Cannabis como tratamento para epilepsia. Um poeta que estava hospedado em um hotel em Bagdá administrou a resina da planta (haxixe) para o filho do camareiro, controlando as crises epilépticas por completo.
1808 — Brasil
Chega no Brasil trazida pelos escravos africanos que faziam uso após suas longas jornadas de trabalho para relaxar, tirar dores e jogar capoeira. Como confirma o documento oficial do governo brasileiro (Ministério das Relações Exteriores, 1959): “A planta teria sido introduzida em nosso país, a partir de 1549, pelos negros escravos, e as sementes de cânhamo eram trazidas em bonecas de pano, amarradas nas pontas das tangas” (Pedro Rosado). Disseminou-se entre os povos indígenas e brancos. Na Corte, a Cannabis foi usada em forma de chá pela rainha Carlota Joaquina para alivio de dores.
1839 — Inglaterra
Na primeira metade do século 19, o médico irlandês radicado em Londres Dr. William Brooke O’Shaughnessy aceitou uma proposta para trabalhar em Calcutá, na Índia, como assistente de cirurgião da famosa Companhia das Índias Orientais, onde ficou por oito anos trabalhando em um hospital; durante esse tempo estudou uma variedade de plantas locais, entre elas a Cannabis Sativa.
Depois de confirmar que o uso de Cannabis era seguro, com testes em animais. Dr. O’Shaughnessy passou a experimentar a substância em humanos, tanto adultos como crianças. Também, passou a utilizar a Cannabis em tratamentos de seus pacientes do hospital. Concluiu que a Cannabis poderia tratar sintomas graves de várias enfermidades em pessoas com reumatismo, cólera, raiva, tétano, entre outras.
Também observou que a Cannabis cessou convulsões em um recém-nascido, com apenas 40 dias de vida. Sobre esse caso, o médico escreveu: “a profissão ganhou um remédio anticonvulsivo de grande valor”.
Em 1839, O Dr. O’Shaughnessy apresentou sua tese na Sociedade Médica e Física de Calcutá, onde defendeu publicamente o uso da Cannabis Sativa na medicina, principalmente como analgésico. O estudo causou grande entusiasmo na Inglaterra colonial. Espalhando-se posteriormente por toda a Europa e Estados Unidos. Sendo considerado o marco da introdução da Cannabis na medicina ocidental.
Em 1841, o Dr. O’Shaughnessy retornou para Londres, trazendo amostras de Cannabis Sativa em flor, resina, tinturas, difundiu para todo o ocidente, entrando pra história como primeiro médico a prescrever formalmente a Cannabis.
1905 — Brasil
No início do século XX, a Cannabis já era comercializada amplamente em todo mundo e também no Brasil em várias formas de produtos, como: extratos, cremes, loções, cigarros de cannabis, chamados "cigarros índios", feitos por uma indústria farmacêutica francesa a Grimault & Cie., Na época, indicado para várias patologias desde asma, insônia, tosse, dores, gases.
1915 — EUA
Consumida também de forma recreativa ou "fumada" por várias etnias da época, principalmente pelos imigrantes mexicanos, negros, árabes, povos alvos de discriminação social e étnica. Neste período ja existia uma ampla industria da Cannabis a nível mundial, não só medicinal, mas também têxtil e celulose. Porém começou a ser vista pelo governo e a alta sociedade americana como uma substância perigosa, que induzia os emigrantes a serem violentos, cometerem crimes (roubos, assassinatos, etc..), com isso da-se início a criminalização e preconceito contra a Cannabis.
1925 EUA — Demonização da planta
Tem início uma campanha pesada, governamental contra o consumo de Cannabis. Foram espalhados folhetos, cartazes por toda o país contendo frases como : "Marijuana erva do demônio", “Marijuana causa vício, degradação e insanidade’’.
A difamação, o preconceito e a repressão policial levaram à prisão de povos marginalizados, como os negros e os mexicanos imigrantes.
1937 EUA — Política anti-Cannabis
Entra em vigor a Lei de Imposto sobre a Cannabis, proibindo o uso adulto mas mantendo o uso medicinal. Quatro anos depois, a planta estava proibida a nível nacional e saía oficialmente das páginas da farmacopeia americana e posteriormente mundial.
O autor principal desta campanha é Harry Aslinger, chefe do departamento de narcóticos da época. Além do cargo, Aslinger era casado com a sobrinha de Andrew W. Mellon (banqueiro, secretário do tesouro dos Estados Unidos na época), dono da petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da famosa indústria de tecidos DUPONT (empresa responsável pela criação do nylon, concorrente direto do cânhamo).
"A DuPont foi uma das maiores empresas responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo”, como escreveu o escritor Jack Herer em seu livro "The Emperor Wears No Clothes”. Ficou demonstrado assim que sua proibição acorreu exclusivamente por puro interesse político e econômico, e não por se tratar realmente de uma droga.
1961 EUA — Guerra contra a Cannabis
Richard Nixon, então presidente dos EUA, declara guerra às drogas e a Cannabis Sativa é então incluída na lista de narcóticos (Schedule one) como uma droga altamente perigosa e viciante, sendo comparada à heroína, à cocaína, a metanfetamina, dentre outras drogas que trazem risco à saúde.
1962 — Descobertas científicas (Mechoulam)
O pesquisador, cientista químico orgânico búlgaro-israelense, Dr. Raphael Mechoulam descobriu o primeiro composto contido na planta Cannabis Sativa o Canabidiol (CBD). No ano seguinte, em 1963, ele descobre outro fitocanabinoide o THC (∆9 tetra-hidrocanabinol). Mechoulam se dedicou a estudar primeiramente o THC, por ter efeitos psicoativos, é considerado o ''Pai da medicina Canabinoide’'.
1970 — Descobertas científicas (Carlini)
O médico e cientista brasileiro Elisaldo Carlini (1930-2020) descobre o potencial terapêutico do CBD (canabidiol) para epilepsia refratária (convulsões). Graças a esta descoberta, o CBD é difundido para o mundo, principalmente entre os pesquisadores da Cannabis Sativa, dando início às pesquisas científicas, uma honra ter um médico brasileiro na história da Medicina Canabinoide
1988 — Início das descobertas do Sistema Endocanabinoide (SEC)
O primeiro receptor canabinoide foi descoberto em 1988 por Dr. Raphael Mechoulam e sua equipe, mas os estudos e demais descobertas perduraram por mais 25 anos, e somente em 2013 deram como concluído os estudos, e foi publicado a descoberta do Sistema Endocanabinoide (SEC). E esta grande descoberta permitiu o entendimento da multifuncionalidade da Cannabis no nosso organismo, o motivo pelo qual ela pode tratar tantas condições e sintomas. O S.E.C mostra que temos receptores endocanabinoides (CB1 e CB2), e endocanabinoides (ANADAMIDA e 2-AG), trazendo a compreensão do mecanismo de ação da Cannabis Sativa no organismo o seu mecanismo de ação. Sabemos então, cientificamente porquê os fitocanabinoides (THC e CBD) agem em diversas áreas do cérebro e do corpo com tanta eficácia. A partir daí começa um novo marco na história da Cannabis Medicinal.
1996 — Regulamentada nos EUA
A Cannabis medicinal é regulamentada nos EUA. Inicialmente, teve autorização para venda na Califórnia e na atualidade está presente em 50 estados norte-americanos e em todo o mundo. Por ironia do destino, o mesmo país que criminalizou e proibiu, foi quem liberou.
2013 — Publicação oficial da descoberta do Sistema Endocanabinoide
Os 25 anos de estudos científicos, de 1988 à 2012, deram forma a um sistema, que pela sua dimensão, foi considerado o maior de todos os sistemas do corpo humano, pois ele está presente no organismo todo e é capaz de influenciar todos os demais sistemas. Este sistema foi então denominado de “Sistema Endocanabinoide” em 2013 e a partir de então as inúmeras respostas em relação a polivalência e a importância da Cannabis para o nosso organismo passaram a ser esclarecidas.
2019 — Brasil - ANVISA regulamenta o uso medicinal da Cannabis
Somente em 2019 a ANVISA aprova e regulamenta a prescrição médica para os produtos a base de Cannabis no Brasil
2020 — ONU reclassifica a Cannabis
Em dezembro de 2020, a Comissão de Drogas Narcóticas das Nações Unidas decidiu retirar a maconha e a resina extraída da cannabis Sativa do anexo IV da lista de substâncias consideradas mais perigosas, reconhecendo as propriedades medicinais da planta.
Agora, a Cannabis integra somente o anexo I, integrado por substâncias que devem ser controladas, mas com potencial terapêutico admitido.
2021 — Brasil legalização
O Projeto de Lei 399/2015 já foi discutido com a sociedade e aguarda aprovação final em Brasília. O PL 399/2015 é considerado um avanço pois regulamenta o plantio de Cannabis Sativa (pessoas físicas e jurídicas mediante controles) para fins medicinais e industriais.
O Sistema Endocanabinoide (S.E.C) foi descoberto em 1992 pelo químico, pesquisador e cientista Dr. Raphael Michoulan e sua equipe, sendo considerada uma das maiores descobertas do séc XX na área da medicina, com avanços surpreendentes no séc XXI.
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