“Estou a 12 anos livre do crack graças a maconha.”

Priscila Santos “Pepe”

Conheça a incrível história de Priscila Santos, a “Pepe”, ex-usuária de crack que conseguiu se livrar do vício por meio da Cannabis.

A maconha sempre foi julgada como “droga de porta de entrada”, mas estudos revelam hoje que isso não passa de uma mais um mito contado contra a planta.
E para comprovar este mito hoje vamos abordar a história da Priscila, que hoje é empreendedora, estudante de jornalismo, mas que foi ex-moradora de rua, usuária de craque e que encontrou na maconha a “porta de saída” para este vício terrível.

“Meu nome é Priscila tenho 39 anos, sou ex moradora de rua, ex usuária de crack, tentei vários tratamentos convencionais para parar com o uso do crack, tentei algumas clínicas terapêuticas, CAPS AD, remédios, religião e nada me livrava do crack ao contrário eu sai muito pior, a única coisa que conseguiu de fato de me livrar do crack foi a maconha, redução de danos. Foi fumar maconha que me devolveu a autonomia da minha vida, hoje estou a 12 anos livre do crack graças a maconha nunca tive nenhuma recaída e tenho vida normal. “

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Mas será que isso é possível? De acordo com o estudo de 2011 chamado “O uso de maconha como estratégia de redução de danos em dependentes de crack”, foram acompanhados e avaliados 10 usuários onde realizaram entrevistas semi-estruturadas e submetidas à Análise de Conteúdo.
Pode-se inferir duas percepções: a de que o uso de maconha propicia diminuição da “fissura" pelo crack, o que auxiliaria na abstinência do mesmo (referência dos usuários que utilizam a maconha durante tratamento) e a de que a maconha seria uma via de retorno ao uso do crack (percepção dos sujeitos que não fazem uso de nenhum tipo de droga ilícita).
Concluiu-se que o uso de maconha pode se enquadrar como estratégia de redução de danos aos usuários de crack, sendo uma possibilidade no tratamento.‌
Em outro estudo intitulado “A maconha é uma droga de entrada? Testando hipóteses sobre a relação entre o uso de maconha e o uso de outras drogas ilícitas” (tradução), buscou examinar a hipótese de que o uso da maconha pode levar ao uso de outras drogas ilícitas.

Para isso, eles revisaram estudos que investigaram essa relação, incluindo estudos longitudinais que acompanharam indivíduos ao longo do tempo e estudos transversais que examinaram a relação entre o uso de Cannabis e o uso de outras drogas em um determinado momento.

Além disso, foi constatado que a ideia de que a maconha é uma "droga de entrada" para outras drogas pode ser exagerada e simplista. Eles apontam que muitos indivíduos experimentam maconha sem passar para o uso de outras drogas ilícitas e que outros fatores, como a disponibilidade das drogas e a vulnerabilidade individual, podem desempenhar um papel importante na iniciação ao uso de drogas.

Portanto, podemos perceber que a maconha não é porta de entrada para outras drogas e, por isso, essa é uma afirmação falsa.

Outro estudo de 2018 chamado “Potencial de tratamento único do canabidiol para a prevenção da recaída no uso de drogas: prova pré-clínica de princípio” revelou que, em modelo animal, o CBD conseguiu atenuar os efeitos da ansiedade e da abstinência do abuso de álcool e cocaína, revelando-se uma alternativa promissora no tratamento de vícios.

Casos como o da Priscila e estudos como estes nos fazem repensar ideias obsoletas que podem prejudicar aqueles que necessitam de um suporte para redução de danos, além de manter conceitos errôneos de uma planta com elevado potencial terapêutico, que se bem utilizado pode salvar vidas.

O preconceito e a proibição fazem com que pessoas continuem fortalecendo o tráfico, fazendo uso de compostos de origem desconhecida, sem informação segura para compreender quais canabinoides devem ser evitados, ou utilizados com cautela, para cada indivíduo.
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Referências:


Pereira, Amanda Schreiner, and Rudiane Ferrari Wurfel. “O Uso de Maconha Como Estratégia de Redução de Danos Em Dependentes de Crack.” Aletheia, no. 34, 1 Apr. 2011, pp. 163–174, O uso de maconha como estratégia de redução de danos em dependentes de crack .


HALL, Wayne D.; LYNSKEY, Michael. Is Cannabis a gateway drug? Testing hypotheses about the relationship between Cannabis use and the use of other illicit drugs. Drug and alcohol review, v. 24, n. 1, p. 39-48, 2005.


Gonzalez-Cuevas, G., Martin-Fardon, R., Kerr, TM et al. Potencial de tratamento único do canabidiol para a prevenção da recaída no uso de drogas: prova pré-clínica de princípio. Neuropsicofarmacol 43 , 2036–2045 (2018). Unique treatment potential of cannabidiol for the prevention of relapse to drug use: preclinical proof of principle

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