Mas hoje no Dia Nacional de Cannabis Medicinal, nos sentimos muito felizes pelo progresso, sabemos que temos um longo caminho a trilhar, mas seguimos firmes respaldados pela ciência e pelas provas, que temos diariamente, de vidas e vidas sendo transformadas pelo enorme potencial terapêutico desta planta.
Vamos entender a linha do tempo da Cannabis no Brasil e no mundo, para compreender o motivo da sua proibição e o da sua libertação.
A relação da Cannabis com os humanos é de longa data, existem registros do uso medicinal há mais de dois mil anos antes de Cristo, tornando claro que nossos ancestrais já sabiam do poder terapêutico da planta. À medida que os humanos foram dominando as técnicas de agricultura eles iam melhorando as suas plantas preferidas. A Cannabis é um grande exemplo disso, pois ela co-evoluiu com a espécie humana.
O imperador chinês Shen-nung é considerado pelos chineses o fundador da medicina, ele fazia uso e indicava a Cannabis medicinal para o tratamento de muitos sintomas. Seus registros são datados de dois mil e quinhentos anos antes de Cristo.
De lá para cá, a fama da Cannabis como um poderoso tratamento se espalhou pelo mundo e a planta foi utilizada em muitas outras partes do globo. Em cada lugar ela desenvolveu um papel específico e participou de eventos marcantes.
A exemplo das Grandes Navegações, nas quais as principais embarcações tinham suas velas feitas por fibra de Cannabis. Ela também sempre acompanhou a humanidade como um excelente medicamento.
A chegada da planta no Brasil é emblemática, a variedade da cannabis destinada ao uso de fibras foi trazida pelos europeus, enquanto que a planta rica em canabinoides com propriedades medicinais chegou com os povos africanos. Na época a empreitada portuguesa, chamada Real Feitoria do Linho Cânhamo, movida com o objetivo de construir uma indústria com base no cânhamo, não vingou. Em contrapartida, o uso terapêutico da planta se espalhou por todo o Brasil.
Inicialmente trazida pelos povos africanos, quando a cannabis chegou no Brasil conquistou pessoas de todas as esferas da sociedade. Com o tempo, ela passou a ser receitada para tratar inúmeros sintomas e por muito tempo foi apenas uma erva medicinal que ajudava muitas pessoas. Até mesmo a rainha Carlota Joaquina utilizava chá da planta para o alívio de dores.
Porém, a cannabis sempre esteve muito atrelada aos negros, pois desde sempre eram eles que dominavam o conhecimento sobre a planta. Isso fez com que a sociedade racista da época criasse um preconceito contra a erva, para mascarar o seu comportamento racista.
E assim nasceu as primeiras restrições em cima da cannabis. O Brasil foi o primeiro país do mundo a fazer uma lei contra ela. Em 1830, no Rio de Janeiro entrou em vigor uma lei que criminaliza o “pito de pango”, nome popular da erva na época. O pioneirismo na criminalização da cannabis evidencia o quão racista nossa sociedade era no século XIX, e quando comparamos com o momento atual não vemos muita evolução no pensamento racial da sociedade.
Nesse meio tempo no resto do mundo, a cannabis foi ganhando a atenção de muita gente, logo suas inúmeras utilidades também se tornaram conhecidas e isso se tornou uma ameaça para algumas indústrias da época, nenhuma delas queria ter o cânhamo como concorrente.
E com forte influência do setor privado nasce no mundo o pensamento coletivo contra a cannabis, fortalecido principalmente pelos Estados Unidos. Utilizando o racismo estrutural para disfarçar o boicote à indústria do cânhamo são criadas inúmeras campanhas governamentais disseminando mentiras sobre a planta.
O movimento deu muito certo, pois a maioria da sociedade se revoltou contra a cannabis, efetivando a sua demonização. E com isso vieram políticas violentas do estado para reprimir povos minoritários com a desculpa de livrar a sociedade do “mal da cannabis”.
Contudo, mesmo proibida no mundo, o químico cientista Raphael Mechoulam, na década de 60 iniciou estudos sobre a planta e realizou uma série de descobertas que contribuíram para esclarecer todos os efeitos medicinais da cannabis e a atuação dela no nosso corpo.
Elisaldo Carlini, médico brasileiro, pediu permissão para Raphael e iniciou os estudos no Brasil também. Carlini contribuiu muito para a ciência brasileira, mas infelizmente pelo regime ditatorial vigente na época suas pesquisas foram boicotadas e só vieram ser retomadas muitos anos depois.
Com as descobertas medicinais da planta sendo cada vez mais comentadas, aqui no Brasil muitas mães de pacientes autistas, de crianças com epilepsia e diversas outras patologias iniciaram uma luta para conseguirem o acesso ao medicamento que salvou a vida de seus filhos.
Em 2014 foi lançado o documentário “Ilegal: a vida não espera” que retrata a luta de diferentes mães para conseguirem a permissão para importar o seu medicamento, uma das famílias acompanhada se torna a primeira no Brasil a conseguir a permissão.
A pressão popular para a liberação da cannabis medicinal cresce, ganhando cada vez mais adesão na sociedade. Em vista disso, em 2019 a ANVISA libera a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019 que regulamenta a prescrição e a comercialização de produtos à base de Cannabis no Brasil.
Hoje em dia vemos grandes avanços na discussão sobre a cannabis medicinal, sendo cada vez mais aceita na sociedade e ajudando muitas pessoas. Porém o acesso ainda é dificultado, os pacientes sem condições financeiras só conseguem o medicamento pelo SUS via judicialização ou com um habeas corpus para plantar o seu próprio medicamento.
Ainda aguardamos melhores políticas sobre a regulação da cannabis medicinal, com programas no SUS para atendimento popular com terapia canabinoide. Todos têm o direito de receber os benefícios da planta, é para isso que lutamos!
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Os canabinoides presentes na Cannabis são ativos muito seguros, mas necessitam