Cannabis e Nutrição
Começando pela nutrição podemos afirmar que do ponto de vista evolutivo, a co-evolução entre o nosso sistema endocanabinoide (S.E.C) e os nossos hábitos alimentares resultou em uma sinergia entre eles. Isso explica a razão de tantos alimentos serem capazes de modular o S.E.C.

Os endocanabinoides (EC), moléculas similares aos fitocanabinoides mas que são sintetizadas pelo nosso corpo, estão envolvidos no metabolismo da glicose e estimulam a absorção de alimentos.

Segundo um estudo de 2021, intitulado “Mediterranean Diet and Neurodegenerative Diseases: The Neglected Role of Nutrition in the Modulation of the Endocannabinoid System” disponível no PubMed existe uma íntima relação entre a dieta mediterrânea com a modulação do sistema endocanabinoide, os resultados afirmaram que os ECs são capazes de regular o apetite e a ingestão de alimentos por meio da sua sinalização a alguns receptores do cérebro.

A mesma pesquisa apresentou uma correlação entre ECs e o microbioma do intestino. Mudanças nos hábitos alimentares podem desregular o nosso sistema e induzir o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, influenciando a microbiota intestinal.

Assim como indicado alimentos da dieta mediterrânea interagem com os nossos ECs, modulando o nosso SEC, alguns deles são:

• Peixes e frutos do mar
• Azeite de oliva e óleos vegetais (como óleo de linhaça, óleo de cártamo)
• Alimentos integrais (como arroz, quinoa e aveia)

Enquanto isso, um outro trabalho chamado “The endocannabinoid system and its relevance for nutrition” publicado no Annual Review of Nutrition indica que os níveis cerebrais de ECs foram aumentados por dietas ricas em gordura enriquecidas com azeite e/ou óleo de cártamo. Tornando evidente a influência que certos alimentos possuem no nosso sistema endocanabinoide.

Essas evidências nos trazem mais certeza do importante papel do nosso sistema endocanabinoide para a nutrição. Em decorrência disso, cada vez mais profissionais da nutrição estão se voltando para a terapia canabinoide e conhecendo os seus inúmeros benefícios.

Hoje já existe o campo de estudos da medicina canabinoide que se concentra no poder dos alimentos de modular o nosso sistema endocanabinoide. No Brasil já contamos com a Sociedade Brasileira de Nutrição Endocanabinoide, organização que concentra esforços nessa área.

Cannabis e Saúde
E quando tratamos de promoção de saúde é fundamental destacarmos que uma boa alimentação também é crucial para uma saúde conservada. Além disso, também podemos ressaltar o grande papel da cannabis medicinal nesse processo.

A planta é multifatorial com potencial de ajudar no tratamento de diversas patologias. Isso é explicado quando vemos que um dos maiores sistemas do nosso corpo, chama-se endocanabinoide em homenagem à planta e é principalmente modulado pelos compostos presentes nela.

O principal objetivo desse sistema é a manutenção da homeostase do corpo, mantendo em equilíbrio todas as funções do organismo e assim promovendo bem estar aos pacientes. O sistema endocanabinoide é tão poderoso por conta de seus conjuntos de receptores que estão distribuídos por todo o corpo.

Hoje já possuímos evidências de que a origem de muitas patologias estão relacionadas com uma desregulação do sistema endocanabinoide, por isso que a terapia canabinoide além de focar no combate aos sintomas ela também busca a regulação do sistema. Assim, com o S.E.C em equilíbrio muitos pacientes alcançam a qualidade de vida.

Já temos muitas evidências dos efeitos medicinais que a cannabis proporciona ao interagir com o S.E.C, muitas condições são amenizadas pelo uso medicinal da planta, tais como:

• Dor crônica
• Depressão
• Neurodegenerativas
• Autismo

No caso da depressão, temos uma revisão bibliográfica de 2022, publicada na revista eletrônica Acervo Médico que afirma que os canabinoides THC (delta-9-tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol) são muito eficientes para o combate à depressão.

Em uma outra revisão sistemática de 2022 disponível no portal Research, Society and Development foi revelado que a melhora da dor crônica foi o benefício mais relatado pelos participantes dos estudos utilizados.

Em relação ao autismo em uma pesquisa de 2021 disponível na Revista Brasileira Interdisciplinar da Saúde foi apresentada evidências de que os compostos da planta são um ótimo tratamento para os pacientes com o transtorno do espectro autista. Eles são capazes de controlar a ansiedade e melhoram a interação social desses pacientes, entre outros benefícios.

Desse modo, vemos que a modulação do S.E.C é essencial para a saúde do paciente, além de estar envolvido com a sua nutrição ele também desempenha um grande papel no equilíbrio geral do corpo.

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