Cannabis e Endometriose

1 – Endometriose

Endometriose é uma afecção inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

A endometriose atinge uma a cada seis mulheres em período reprodutivo, normalmente ocorre um atraso no diagnóstico devido a não valorização das dores intensas no período menstrual (dismenorreia), principal sintoma da patologia.

Causas:

As causas ainda são desconhecidas, mas os pesquisadores tem algumas hipóteses:

  • Menstruação retrógrada: durante a menstruação uma parte do sangue reflua através das tubas uterinas e se deposite em outros órgãos (atrás do útero, ovários, intestino ou até mesmo na bexiga).
  • Causas genéticas (sabe-se que a endometriose é mais frequente se algum familiar direto tem ou teve a doença), e também esta relacionada com deficiências do sistema imunológico.
  • Menarca precoce e exposição à circulação de hormônios esteroides.
  • Fatores ambientais como a presença de poluentes que estão presente na gordura das carnes e refrigerantes poderiam alterar o sistema imune fazendo com que o corpo não reconheça estes tecidos.

Tipos:

endometriose pode ser dividida em quatro tipos / estágios principais:

  • Estágio I (Mínima): Normalmente caracterizado pela presença de focos isolados de endometriose e ausência de aderências.
  • Estágio II (Leve): Normalmente caracterizado pela presença de focos superficiais e menores do que 5 mm de profundidade e ausência de aderências. As lesões do endométrio ficam espalhadas na superfície do peritônio (tecido que cobre as paredes do abdômen), podendo ser encontradas até mesmo no diafragma. É possível ainda encontrar focos superficiais no intestino, bexiga e ureter.
  • Estágio III (Moderada): Normalmente caracterizado pela presença de múltiplos focos de endometriose, além de aderências próximas aos ovários e tubas uterinas. Acomete os ovários de maneira superficial, mas também pode criar cistos de endometriose, mais conhecidos como endometriomas. 
  • Estágio IV (Grave ou Severa): Normalmente caracterizado pela presença de múltiplos focos superficiais e profundos de endometriose, além de aderências densas e firmes. É caracterizada nesse tipo quando é encontrado tecido endometrial além de 5 mm abaixo da superfície peritoneal, sendo lesões presentes no fundo de sacro, septo retovaginal, parede vaginal, entre outros locais. Apesar de menos frequente, é a que costuma causar mais desconforto à paciente e interferir na sua rotina, sendo os sintomas, como a dor, sentidos de forma bastante intensa


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Sintomas:

Os principais sintomas da endometriose são dor pélvica (quase sempre associada ao ciclo menstrual, porém a dor é muito mais intensa do que as cólicas menstruais normais e vai evoluindo progressivamente de acordo com o tempo) e infertilidade. Cerca de 60% têm dor e infertilidade, 20% das mulheres têm apenas dor e 20% apenas infertilidade. Existem mulheres que sofrem dores incapacitantes e outras que não sentem nenhum tipo de desconforto.

Segue os sintomas mais comuns:

  • Cólicas intensas pré-menstruais
  • Dismenorreia (dores no período menstrual).
  • Dor abdominal baixa (cólicas que podem ocorrer por uma semana ou duas antes da menstruação de forma cíclica).
  • Dispareunia (dores nas relações sexuais).
  • Dores ao urinar e evacuar, especialmente no período menstrual.
  • Infertilidade.
  • Fadiga crônica e exaustão.
  • Diarreia, especialmente no período menstrual

Diagnóstico:

Exame vaginal e retal

Conhecido como exame de toque, é por meio dele que se investiga se há sobressalencias ou massas que podem indicar cistos de endometriose.

Para detectar endometriose o exame vaginal e retal costuma ser a primeira avaliação e, encontrado anormalidades, o paciente é encaminhado para realizar seguimento com outros exames.

Ultrassom Transvaginal ou Endovaginal

O objetivo desse exame é analisar órgãos e estruturas pélvicas, como: trompas uterinas, endométrio, ovários e o próprio útero.

É recomendado para se avaliar alterações no útero e indícios de massa pélvica.

Ressonância Magnética

É indicada preferencialmente para casos em que a mulher já tenha um diagnóstico positivo da doença e esteja em fase de tratamento, mas também pode ser feita para diagnóstico inicial da doença.

Este exame é mais específico que o ultrassom e tem por objetivo acompanhar o desenvolvimento da endometriose e possível evolução da doença.

Videolaparoscopia

Devido aos avanços dos exames de imagem, a laparoscopia é cada vez menos usada como método diagnóstico, seu papel atual é o de opção de tratamento quando já há suspeita. São feitos pequenos cortes para que se analise o interior do organismo da mulher com uma pequena câmera de vídeo. 

Exame de sangue

É avaliado o fator CA125, através dele é possível identificar e controlar a evolução doença. Esse exame não é específico apenas para identificar endometriose, sendo um complemento dos outros exames.

Tratamento Convencional:

O tratamento depende dos seguintes fatores:

  • Idade
  • Gravidade dos sintomas e da doença
  • Idade
    Atualmente temos 3 tipos de tratamento para endometriose:

Medicamentos para controlar a dor e minimizar a progressão da doença

  • Anti-inflamatórios não hormonais: são utilizados para alívio da dor pélvica e da cólica menstrual. Esses medicamentos não têm ação nos implantes de endometriose. Entretanto, eles diminuem a produção de prostaglandinas, substâncias responsáveis pela sensação de dor.
  • Anticoncepcionais: O tratamento pode envolver a interrupção do ciclo menstrual e a criação de um estado similar à gravidez. Isso é chamado de pseudo-gravidez e pode ajudar a impedir que a doença piore. Para isso, são usadas pílulas anticoncepcionais com estrogênio e progesterona de modo contínuo, ou seja, sem pausas para menstruar. Também podem ser usados progestagênios isolados, na forma de pílulas, injetável ou mesmo DIU.  Os efeitos colaterais podem incluir a presença de escapes indesejados de sangue, ganho de peso,     sensibilidade nos seios, náusea e outros efeitos colaterais hormonais.  Este tipo de tratamento alivia a maioria dos sintomas da endometriose, mas não elimina os focos ou as aderências causadas pela doença. Ela também não reverte as alterações físicas que já ocorreram.                              
  • Tratamentos com GnRHO: Os agonistas de GnRH interrompem o sinal que o cérebro   transmite aos ovários para que produzam estrogênio e progesterona.Com isso, a produção desses hormônios diminui.                                                                                      Os efeitos colaterais dos agonistas de GnRH incluem ondas de calor, enrijecimento das articulações, alterações de humor e secura vaginal.  O uso continuado de agonistas de GnRH por mais de quatro a seis meses reduz a densidade óssea e pode causar osteoporose.

CIRURGIA

  • Cirurgia por Laparoscopia: Quando os medicamentos não surtem o efeito desejado, pode-se optar pela cirurgia para endometriose, após a qual a maioria das mulheres referem alívio da dor. No entanto, cerca de 40-80% das pacientes operadas apresentam recidiva dos sintomas dolorosos dentro dos primeiros 2 anos de acompanhamento.

2 - Cannabis e Endometriose

As pesquisas revelam que o equilíbrio do sistema endocanabinoide  do nosso organismo é fundamental para o funcionamento saudável do trato reprodutivo. Desequilíbrios no sistema endocanabinoide estão frequentemente associados a complicações e doenças reprodutivas, incluindo a endometriose.

Os canabinoides THC (Delta-9-tetrahidrocanabinol) e o CBD (Canabidiol), tratam a endometriose de várias formas:

  • Potente ação analgésica e antiinflamatória (síntese de bloqueio de prostaglandinas inflamatórias).
  • Interrompe a proliferação celular e realiza a apoptose (morte celular) das células anormais.

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