O Mal de Alzheimer é caracterizado pela perda progressiva da memória e comprometimento cognitivo, sendo ela a causa mais comum de demência. A patologia acomete uma área cerebral, chamada de hipocampo, ela é a responsável pela formação de novas memórias e outros processos cognitivos.
CBD + THC

O canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) são importantes canabinoides encontrado na planta. Estes compostos atuam nos receptores do nosso sistema endocanabinoide (S.E.C), modulando-o. Por conta do S.E.C estar presente em muitos tecidos e órgãos do nosso corpo, o CBD é capaz de atuar em quase todo nosso corpo, sendo um medicamento essencial para muitas patologias.

Inclusive, a região de maior concentração de receptores canabinoides é no nosso cérebro, tornando evidente o papel da cannabis medicinal no tratamento de doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer. Além de possuir incontáveis propriedades terapêuticas, os canabinoides em conjunto também possuem um ótimo perfil de segurança, onde a proporção certa de cada composto se torna muito bem aceito pelo nosso organismo.

O CBD é um composto praticamente isento de efeitos adversos, os mais frequentes são sonolência, fadiga e diarreia (em altas dosagens devido a base de óleo). Já o THC possui efeitos adversos mais preocupantes como ansiedade, pânico, taquicardia e hipotensão e nunca é indicado de forma isolada, sem um protetor. Mas o mais interessante é que o antídoto destes efeitos adversos, o protetor, é o CBD. O CBD é capaz de atenuar todos os efeitos adversos do THC e ainda tem o papel de potencializar os seus efeitos terapêuticos, ou seja, os dois juntos são uma perfeita combinação.

Mas porque não tratar apenas com o CBD então, já que ele é seguro e tem características terapêuticas semelhantes? Porque o THC tem efeitos mais expressivos quando se trata de neuroproteção, neuroplasticidade e anti-inflamatório, ou seja, nestes quesitos ele é bem mais potente que o CBD e como estamos falando de uma patologia muito agressiva, a indicação é um tratamento tão agressivo quanto.

Veja agora 5 principais benefícios terapêuticos da união do CBD e do THC para o tratamento do Mal de Alzheimer:

• Neuroproteção
  O CBD e o THC possuem uma grande ação neuroprotetora, sendo capaz de induzir novas conexões entre os neurônios, impedindo o progresso de neurodegeneração da patologia. Uma das regiões em que os canabinoides mais atuam é no hipocampo, local onde há mais sinais da doença. Estudos como a revisão da literatura intitulada “The use of Canabidiol compound in the treatment of Alzheimer's disease (literature review)” publicada em 2020 no portal Research, Society and Development e o “Cannabis effects on brain structure, function, and cognition: considerations for medical uses of cannabis and its derivatives” publicado em 2019 no jornal The American Journal of Drug and Alcohol Abuse, revelam o grande poder de neuroproteção dos compostos.
  
• Neuroplasticidade
  Ambos os canabinoides possuem o benefício da neuroplasticidade, ou seja, no desenvolvimento saudável, aprendizado, memória e recuperação de danos cerebrais e também na neurogênese (criação de novos neurônios). Assim como já citamos anteriormente o THC tem um papel mais efetivo neste quesito, mas o CBD também possui esta propriedade, mas nada se compara a união dos 2, então para o Alzheimer esta dupla é indispensável. Estudos como “Long-term behavioral and biochemical effects of an ultra-low dose of Δ9-tetrahydrocannabinol (THC): neuroprotection and ERK signaling” publicado em 2012 atestam esta importante propriedade do THC, assim como o estudo “Cannabidiol reduces neuroinflammation and promotes neuroplasticity and functional recovery after brain ischemia” de 2016 aborda o CBD.
  
• Ansiolítico
  O canabidiol apresenta uma grande propriedade ansiolítica, ajudando os pacientes que acabam desenvolvendo a ansiedade como uma condição associada ao Mal de Alzheimer. Mas esta propriedade já é uma exclusividade do CBD, como vimos no início desta matéria, o THC induz a ansiedade enquanto o CBD estabiliza este efeito adverso. Então muitas vezes, dependendo do grau de ansiedade do paciente, se faz necessário uma proporção muito maior de CBD para que possa estabilizar este sintoma e assim possa fazer uso do THC sem nenhum comprometimento. Conforme apresentado em uma pesquisa de 2020 com o título “Use of cannabidiol in anxiety and anxiety-related disorders” publicada no portal Science Direct, o CBD é um ótimo tratamento para distúrbios relacionados à ansiedade, reafirmando o seu efeito terapêutico mais conhecido.
  
• Calmante
  A agitação é um sintoma neuropsiquiátrico altamente prevalente e debilitante na doença de Alzheimer e ambos os canabinoides podem contribuir para este objetivo. O CBD possui propriedades ansiolíticas como vimos acima e desta maneira também age como um calmante. Mas o THC em equilíbrio com o CBD também promove este beneficio e pode ir mais além, agindo na insônia e na falta de apetite, outras características da patologia. Um estudo que aborda esta propriedade em específico no Alzheimer é o “Cannabinoids for Agitation in Alzheimer’s Disease” de 2021.
  
• Anti-inflamatório
  Esta propriedade também é de ambos os canabinoides, mas em especial o THC tem uma potência maior. Mas como vimos que o CBD além de amenizar os efeitos intoxicantes do THC também o potencializa, e por sua vez também é anti-inflamatório, em menor grau, mas pode tratar de forma isolada patologias menos agressivas ou na recuperação de atletas por exemplo. Então, para mais uma ação o uso concomitante é indispensável para o Alzheimer, assim como confirma a revisão bibliográfica chamada “Canabinoides como uma nova opção terapêutica nas doenças de Parkinson e de Alzheimer: uma revisão de literatura” publicada em 2019 na Revista Brasileira de Neurologia.

Desse modo, vemos o quanto a dobradinha CBD + THC é uma indicativa ímpar de tratamento para o Mal de Alzheimer. Os compostos em conjunto se complementam e se potencializam, ajudando diretamente nos sintomas e também ajuda a controlar a progressão da patologia.

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